terça-feira, 15 de setembro de 2020

O papel da Universidade: desafios, limites e contribuições

Universidade em foco


 A universidade tem vários papéis importante na construção social, acadêmica e humana. Esta agrega uma diversidade de conhecimento necessária para atuar em várias áreas. No Brasil por muito tempo foi um celeiro das elites, porém hoje podemos contar com uma universidade mais plurifacetada, mesmo assim, ainda temos muitos desafios pela frente, tais como seu caráter de mercantilização do conhecimento e a formação capitalista da universidade. Para além é relevante buscar o espaço universitário como um local que promova os diversos saberes, sem preconceitos e intolerâncias.

Quando nos referimos a universidade a maioria das pessoas logo imaginam um diploma, uma profissão, até mesmo um salário satisfatório, ou até relaciona a uma situação de privilégios, sim, isto tem tudo haver, porém podemos ir mais além dessa visão mercadológica da educação superior. O espaço universitário tem o objetivo de formar pessoas com capacidade de desenvolver ideias críticas sobre a realidade social e solucionar e atuar no seu território, através do conhecimento científico, tecnológico e cultural. 

Dada a função primordial da universidade, sabe-se que este espaço de conhecimento, causa muito interesse daqueles que tem poder político e econômico, que são saudosistas do colonialismo e do patriarcado, pois a mesma pode ser por vezes subordinada a estes poderes que limitam a atuação dos diversos agentes sociais neste espaço. 

O pensador Michel Foucault, relata muito bem sobre essas relações de poder, explica como uma força que coage com o foco em disciplinar e controlar os indivíduos. Esta força por vezes, parece invisível, pois nos tempos contemporâneos temos a sensação de liberdade, no entanto, esta é mais uma ilusão desse período que vivemos. A universidade está inserida em uma relação de poder burocrático e ideológica. 

Atualmente no Brasil, o presidente  Jair Bolsonaro, já impõe seu poder político nas universidades federais, através de nomeações de reitores que sejam centrados nas mesmas ideologias que a dele, ou seja, pessoas que possam inibir a função principal da universidade, que é a de liberdade de expressão, diversidade ideológica e respeito a todas visões de mundo que respeite os direitos humanos. A escolha de reitores deve ser uma escolha da comunidade acadêmica e não do presidente, que deseja ser um poder hegemônico. 

A Universidade Federal do Sul da Bahia, também foi vítima do poder político, que contingenciou neste ano parte de seus recursos sem nenhum motivo plausível. Hoje a UFSB é um exemplo de construção social, acadêmica e humana, pois não trata seus discentes como mercadoria a ser vendida para o sistema capitalista, além de desenvolver um conhecimento de forma interdisciplinar, que dialoga com diversas áreas de saberes, valoriza o saber popular, o científico. Trás contribuições para o território em que está instalada, desenvolve a pesquisa, extensão e o ensino e tem uma ótima assistência estudantil, ou seja não há nenhum motivo pautável para cortes de verba, muito menos contingenciamento de recursos pelo governo federal.    

No presente, a universidade pública em si, é um encontro constante entre diversos movimentos sociais, chegaria até a afirmar que é o espaço que mais se formam personalidades políticas, espero que este espaço seja sempre preenchido de várias ideias, pensadores e formadores de opinião e de nem uma forma sejam impositores, que a democracia possa fazer morada nas discussões e tomadas de decisões. Que seja um espaço para todas as etnias, classes sociais ,religiões e cultura. Que seja plural.

Vou indicar um filme, chamado Aprovados, disponível na Netflix , que conta a história de jovens que que não foram aprovados em universidades tradicionais e acabam fazendo uma universidade alternativa. Confira o filme e se divirta no seu humor. 




 Referências: 

SANTOS, Boaventura de Sousa. Da universidade à pluriversidade: Reflexões sobre o presente e o futuro do ensino superior. Entrevista com Boaventura Santos. Entrevistadores: Manuela Guilherme e Gunther Dietz. Revista Lusófona de Educação, 31, 201-212. 2015. Disponível em: http://revistas.ulusofona.pt/index.php/rleducacao/article/viewFile/5388/3408. Acesso em 22.ago.2020.

FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Organização e tradução de Roberto Machado. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1979.

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