domingo, 11 de julho de 2021

Resenha Crítica

                                           

                                        

Livro de Loic Wacquant: Punir os pobres: a nova gestão da miséria nos Estados Unidos  

 

     Loic  Wacquant, é professor universitário, antropólogo e sociólogo, dedica-se a estudos referentes as desigualdades sociais, instituições carcerárias e sistemas de políticas penais. 

    

      Em seu livro: Punir os pobres: a nova gestão da miséria os Estados Unidos, o autor trata sobre a organização do sistema carcerário nos EUA e como isso consequentemente puni de forma demasiada os encarcerados, não facilitando sua ressocialização a sociedade quando em liberdade. O autor em sua argumentação apresenta dados estatísticos que confirmam perfis dos prisioneiros que apontam questões raciais e sociais. 

   

     Segundo Wacquant, o capitalismo selvagem existente nos EUA reforça as desigualdades sociais, que consequentemente aumenta o contingente de pessoas desempregadas, fatores como a destruição do Estado social, que garante direitos sociais fundamentais, tais como educação, saúde, renda e seguridade social e o crescimento do “Estado Penal” nos últimos 25 anos, corroboram para o aumento da população penitenciária. Sendo explícito a existência de um Estado liberal e autoritário.  


     Em uma perspectiva durkheimiana os EUA se encontram em estado de anomia social, isto porque existe uma desordem social e desregulamentação das normas sociais, percebe-se que existe uma falha do Estado no controle social. Isto é o grande número de pessoas encarceradas revela que o sistema punitivo não tem sido o suficiente para reduzir a criminalidade, segundo Wacquant os dados estatísticos revelam que com o número de prisioneiros haveria possibilidade de formar uma cidade a partir da demografia penitenciária, eles seriam a sexta metrópole mais populosa dos EUA com cerca de 2,5 milhões de detentos no ano de 2000.

 

   O autor cita sobre a organização do sistema penitenciário, em três esferas, o primeiro são detenções municipais, onde ficam os detentos com condenações inferiores a um ano, o segundo são as casas de 50 estados da União onde ficam os condenados a penas superiores a um ano. Esses dois tipos de estabelecimento se juntam a 125 prisões federais onde ficam as pessoas condenadas a crimes de “colarinho branco” e de crimes de demasiada violência a pessoas.  

   

   Sabe-se que enquanto o Brasil e os EUA são os maiores encarceradores, com grandes quantidades de presídios e com uma população carcerárias que mal cabem nas celas, os holandeses vem dando exemplo de redução de criminalidade em seu país, e com uma grande redução de encarcerados. 

   

    O autor argumenta sobre a hiperflação carcerária, no decorrer dos anos de forma contínua, desde 1973 aos dias atuais, é sabido que nenhum outro país democrático e capitalista em tempos de crise social ou conflito militar possuí uma demanda carcerária tão alta quanto os EUA. Os dados indicam que a taxa de encarceramento americana é superior a todos os países da União Europeia de seis a dozes mais. 

 

    Segundo Wacquant o poder público buscar focar nos menos favorecidos socialmente, com uma punibilidade maior para os pequenos delinquentes que são na maior parte das vezes oriundos dos guetos, afro-americanos (54% admitidos contra 19% brancos), com menos de 35 anos (três quarto deles), sem diploma secundário (62% deles pretos) acredita-se que atualmente 12 milhões de habitantes já passaram por detenção penitenciária no decorrer de um ano, contra cerca de 8 milhões na metade dos anos 80. 

 

    Mesmo depois de compridas as penas, os ex-detentos ainda enfrentam dificuldades para reintegração a sociedade, isto porque existem bancos de dados com levantamento de todos os infratores com nome, idade, crime cometido, disponibilizado pela polícia e os tribunais de administração penitenciárias para órgãos públicos, serviços sociais, organizações privadas, o que dificulta o acesso a empregos e sem muitas oportunidades pode levar a reincidência.  

   

   Em análise a prisão passa a ser uma substituição dos guetos, ou pode-se se afirmar que o gueto se configura em uma prisão social, em que caracteriza as poucas oportunidades de mobilidade social crescente, como acesso a emprego e escolas públicas de qualidade e a prisão propriamente dita como gueto judiciário, e isto se torna um ciclo vicioso.  

   

    O autor mostra em seu livro Punir os pobres: a nova gestão da miséria os Estados Unidos uma conjuntura histórica que se aplica na atualidade do sistema carcerário americano, apontando as questões sociais e raciais a partir de dados estatísticos, deixando explícito que a gestão Estadual ao não oferecer direitos sociais para a população corrobora com os altos índices de criminalidade, além de ter que despor um alto valor orçamentário para o sistema penitenciário.  

     

    Contudo, é sabido que o Estado do bem estar social (que no EUA não é prioridade) pode contribuir para redução da criminalidade e consequentemente com a redução das lotações prisionais.  

 

 

 

 

quarta-feira, 16 de setembro de 2020

Pandemia (ontem, hoje e amanhã): o papel da universidade no Território

Saúde Pública em foco



A pandemia causada pelo corona vírus irá deixar muitas sequelas em todos setores públicos e privados (educação, saúde, economia, política) e memória de todos os municípios do território do Litoral Sul da Bahia. Certamente, os municípios não estavam preparados para esta crise, a saúde pública já andava em vulnerabilidade, neste contexto, as universidades tem um papel relevante, porquanto detêm o conhecimento cientifico para a realização de pesquisas e elaboração de vacinas e medicamentos para o tratamento da doença.

Inicialmente foram dias de silencio acompanhado com muito medo do vírus desconhecido, tudo parou, a economia parou de girar de forma integral, os comércios ficaram de portas fechadas, os políticos ficaram temorosos pelos gastos e poucas arrecadações, os estudantes ficaram sem aulas, muitos temiam pela vida e outros pela economia por vários motivos. A disseminação de notícias falsas "as fake news" atrapalharam a difusão do conhecimento cientifico e o controle das transmissões.

Ainda no pico do covid-19 o município de Camacã ( micro-região Pau Brasil, Santa Luzia, Mascote)  foi o primeiro a abrir as portas do comércio, temendo queda drástica da economia, mas com condições de restrição, como horários de funcionamento, das 8:00 ás 14:00 horas, uso de máscaras, distanciamento entre as pessoas, toque de recolher, o não cumprimento das medidas levaria por decreto o estabelecimento comercial  a multa. Foram estabelecidas barreiras no início da cidade para impedir a entrada de pessoas que não eram do município. 

No município de Camacã o número de habitantes segundo o IBGE de 2018 (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) é de 31968, é uma cidade central no sentido comercial para os municípios vizinhos, o que diz respeito ao boletim epidemiológico de Camacã foram 1302 casos confirmados, 1971 descartados, 28 óbitos, curados 1195, atualmente a cidade não está fazendo testagem em massa, então possivelmente existem números ainda maiores de contaminados.  

O conhecimento produzido pelas universidades na formação de profissionais da saúde contribuiu para salvar muitas pessoas, os médicos, enfermeiros, auxiliares, agentes comunitários de saúde protagonizaram os espaços de prevenção e tratamento. A partir daí podemos perceber o quanto as universidades têm um papel fundamental na formação de profissionais e como o sistema único de saúde precisa ser valorizado, pois atende demandas simples e também complexas. A pandemia nos mostrou que o investimento em saúde pública é necessário, efetivar as políticas em saúde para um amanhã  menos vulnerável em outras situações epidêmicas ou pandêmicas.  

Os laboratórios universitários precisam de mais visibilidade pelo governo federal, é preciso valorizar a Ciência, pois em momentos como o que estamos vivendo agora, é a mesma que desmitifica as patógeno, busca vacinas e medicamentos para tratamentos . Então a sociedade civil e representantes do poder público devem defender mais investimentos no ramo científico para que as universidades possam cumprir seu papel na pesquisa e estudos, além de fomento para mais aparatos tecnológicos. Até porque no Brasil a pesquisa científica é feita na maioria das vezes no âmbito das universidades públicas.

Foram nas universidades que foram feitos vários equipamentos de proteção individual, como máscaras em 3 D e em PVC,  óculos de proteção, produção e distribuição de álcool gel 70, capacetes de respiração, ventilador pulmonar, redes de informação confiável como sites, aplicativos e plataformas ou seja, foi muito importante a devolutiva das universidades para a comunidade. 









Sites pesquisados:

https://www.ibge.gov.br/
                                                                                                          http://horizontes.sbc.org.br/index.php/2020/05/o-papel-essencial-da-universidade-publica-no-combate-ao-covid-19/ 

http://www.saude.ba.gov.br/wp-content/uploads/2020/04/BOLETIM_ELETRONICO_N_33_28.04.2020.pdf

 


 

terça-feira, 15 de setembro de 2020

O papel da Universidade: desafios, limites e contribuições

Universidade em foco


 A universidade tem vários papéis importante na construção social, acadêmica e humana. Esta agrega uma diversidade de conhecimento necessária para atuar em várias áreas. No Brasil por muito tempo foi um celeiro das elites, porém hoje podemos contar com uma universidade mais plurifacetada, mesmo assim, ainda temos muitos desafios pela frente, tais como seu caráter de mercantilização do conhecimento e a formação capitalista da universidade. Para além é relevante buscar o espaço universitário como um local que promova os diversos saberes, sem preconceitos e intolerâncias.

Quando nos referimos a universidade a maioria das pessoas logo imaginam um diploma, uma profissão, até mesmo um salário satisfatório, ou até relaciona a uma situação de privilégios, sim, isto tem tudo haver, porém podemos ir mais além dessa visão mercadológica da educação superior. O espaço universitário tem o objetivo de formar pessoas com capacidade de desenvolver ideias críticas sobre a realidade social e solucionar e atuar no seu território, através do conhecimento científico, tecnológico e cultural. 

Dada a função primordial da universidade, sabe-se que este espaço de conhecimento, causa muito interesse daqueles que tem poder político e econômico, que são saudosistas do colonialismo e do patriarcado, pois a mesma pode ser por vezes subordinada a estes poderes que limitam a atuação dos diversos agentes sociais neste espaço. 

O pensador Michel Foucault, relata muito bem sobre essas relações de poder, explica como uma força que coage com o foco em disciplinar e controlar os indivíduos. Esta força por vezes, parece invisível, pois nos tempos contemporâneos temos a sensação de liberdade, no entanto, esta é mais uma ilusão desse período que vivemos. A universidade está inserida em uma relação de poder burocrático e ideológica. 

Atualmente no Brasil, o presidente  Jair Bolsonaro, já impõe seu poder político nas universidades federais, através de nomeações de reitores que sejam centrados nas mesmas ideologias que a dele, ou seja, pessoas que possam inibir a função principal da universidade, que é a de liberdade de expressão, diversidade ideológica e respeito a todas visões de mundo que respeite os direitos humanos. A escolha de reitores deve ser uma escolha da comunidade acadêmica e não do presidente, que deseja ser um poder hegemônico. 

A Universidade Federal do Sul da Bahia, também foi vítima do poder político, que contingenciou neste ano parte de seus recursos sem nenhum motivo plausível. Hoje a UFSB é um exemplo de construção social, acadêmica e humana, pois não trata seus discentes como mercadoria a ser vendida para o sistema capitalista, além de desenvolver um conhecimento de forma interdisciplinar, que dialoga com diversas áreas de saberes, valoriza o saber popular, o científico. Trás contribuições para o território em que está instalada, desenvolve a pesquisa, extensão e o ensino e tem uma ótima assistência estudantil, ou seja não há nenhum motivo pautável para cortes de verba, muito menos contingenciamento de recursos pelo governo federal.    

No presente, a universidade pública em si, é um encontro constante entre diversos movimentos sociais, chegaria até a afirmar que é o espaço que mais se formam personalidades políticas, espero que este espaço seja sempre preenchido de várias ideias, pensadores e formadores de opinião e de nem uma forma sejam impositores, que a democracia possa fazer morada nas discussões e tomadas de decisões. Que seja um espaço para todas as etnias, classes sociais ,religiões e cultura. Que seja plural.

Vou indicar um filme, chamado Aprovados, disponível na Netflix , que conta a história de jovens que que não foram aprovados em universidades tradicionais e acabam fazendo uma universidade alternativa. Confira o filme e se divirta no seu humor. 




 Referências: 

SANTOS, Boaventura de Sousa. Da universidade à pluriversidade: Reflexões sobre o presente e o futuro do ensino superior. Entrevista com Boaventura Santos. Entrevistadores: Manuela Guilherme e Gunther Dietz. Revista Lusófona de Educação, 31, 201-212. 2015. Disponível em: http://revistas.ulusofona.pt/index.php/rleducacao/article/viewFile/5388/3408. Acesso em 22.ago.2020.

FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Organização e tradução de Roberto Machado. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1979.

segunda-feira, 14 de setembro de 2020

Pandemia e desigualdades sociais

O vírus e as desigualdades sociais



A pandemia ocasionado pelo vírus covid-19, deixou mais ainda evidente as desigualdades sociais existentes no Brasil, de certo, todos tiveram sua rotina e vida alterado, porém não na mesma intensidade, nesta quarentena os mais pobres tiveram que sair para trabalhar, ficaram mais vulneráveis ao vírus, a decadência financeira e aos serviços públicos precário como saúde e assistência social. Enquanto os ricos se mantiveram em casa e por incrível que pareça, depois de ter perdido dinheiro na bolsa de valores, recuperaram com manobras financeiras.

A disseminação do vírus nas favelas e periferias está sendo tão eminente, isto porque talvez o distanciamento social não funciona de forma eficaz, porque os provedores da casa saem para trabalhar e retornam as suas casas, que possuem poucos cômodos e com muitos membros da família em um mesmo local, o que torna o ambiente favorável para a contaminação. Além de muitos lugares no Brasil não terem saneamento básico e boas condições de moradias . 

O estado de risco fica ainda mais expressivo, para aqueles que não tem condições de se cuidarem, no início da pandemia, os mercados e farmácias aumentaram os preços do álcool em gel, as pessoas ficaram tão preocupadas que começaram a armazenar alimentos, deixando as prateleiras de mercados quase vazias para os quem não tinha condições de comprar alimentos nestes momentos de desespero, muitos comerciantes aproveitaram para aumentar o preço dos alimentos.

Atualmente, a inflação dos alimentos aumentou 4% , o real é a segunda moeda mais desvalorizada do mundo, ir ao mercado causa medo aos brasileiros pobres, os alimentos básicos como arroz, feijão e carne passaram a ser a preocupação de cada dia para colocar na mesa. Pensa-se agora na coexistência de dois vírus: o primeiro a fome iminente e o segundo covid-19. 

O auxílio emergencial oferecido pelo governo federal, segurou as pontas em muitos lares brasileiros nestes últimos 5 meses, porém a partir de outubro será reduzido a metade, isto significa que mal vai dá para pagar o aluguel, muito menos para alimentar muitas bocas em casas de famílias de muitos membros. Muitos provedores de família perderam emprego nestes últimos meses frente ao contexto da pandemia, isto agrava mais ainda a situação financeira das famílias. 

Enquanto os pobres ficaram ainda mais pobres, os ricos encontraram oportunidades de ganhar ainda mais capital, os proprietários dos meios de produção aumentaram os valores dos bens de consumo, o agronegócio e os grandes latifundiários, aumentaram os valores de cereais, carnes, frutas, enfim o setor alimentício ficou em alta, muitos ricos compraram ações na bolsa de valores na baixa, no início da pandemia e hoje já obtiveram significativos ganhos. Investiram em tesouro direto em moedas digitais que aumentaram o valor com queda das moedas de países emergentes.

Contudo, o capitalismo se renova na crise e ocasiona mais desigualdades sociais e econômicas. 

 








Crise ambiental e seus impactos

Salve a vida, salve a Terra!



 Atualmente as  as grandes instituições econômicas e política, pensam em salvar a economia e priorizar manter o mercado a todo vapor, estimular o consumismo e dizem que é balela a questão da crise ambiental e seus impactos. Porém é sabido que existem comprovações científicas de que o aquecimento global é a principal ameaça para o equilíbrio ecológico no Planeta, e este fenômeno é causado pelas atividades antrópicas, tais como a agropecuária , industriais e queimas de combustíveis fósseis. Além disso, sabe-se que a crise ambiental não norteia apenas o agravamento de efeito estufa, mas também as crises hídrica, extinção animal, enfim um montante de problemas por causas humanas. 

Segundo Karl Marx o capitalismo se renova até nas crises econômicas, mas não podemos dizer o mesmo com relação ao Planeta, estando em crise ambiental. A cada ano a degradação do meio ambiente se torna mais intensa, mesmo com órgãos como a ONU (Organização das Nações Unidas) para fiscalizar e orientar os países. O compromisso com o lucro e com o resultado da acumulação do capital, através da exploração dos recursos naturais se sobressai em detrimento do equilíbrio ecológico. Mal sabem as grandes potências do mundo, que o desenvolvimento econômico de mãos dadas com a sustentabilidade é mais promissor e reduziria o impacto da crise já em andamento.

Muitos cientistas afirmam que a temperatura da Terra irá crescer um em 1 °C a cada ano, para muitos céticos essa variação é baixa, porém para os cientistas é o suficiente para derreter as geleiras e calotas polares, aumentar o nível do oceano, torná-lo ácido, quente e pouco produtivo. Enquanto as emissões de gases do efeito estufa estiverem a "todo o vapor" as mudanças climáticas seguiram, pois está atrelada a produção humana e setores da economia. Desde o manejo com o solo, através de fertilizantes, na agropecuária, com excrementos dos gados que produzem CO2, pela combustão de combustíveis fósseis, desmatamentos causadas por queimadas propositais, enfim para mudar o quadro o ser humano vai ter que reinventar maneiras de produzir.

A comunidade cientifica mundial, foca bastante nas mudanças climáticas, devido seus grandes impactos, que sem dúvida é relevante. No entanto, também se mostra importante, pensar sobre a redução da biodiversidade no Planeta, por vários motivos como o tráfico de animais, as queimadas , caça predatória e a poluição. Devido a poluição das águas muitos animais marinhos e espécies que vivem em lagos e rios morrem. Recentemente tivemos no Brasil alguns exemplos como o derramamento de óleo no mar e enquanto eu estou digitando este texto, estamos tendo um grande queimada no nosso cerado. O Pantanal está em chamas. 

A baixo o trailer do filme Tempestade: Planeta em fúria, muito bom,  explica sobre  as consequências do aquecimento global.





sexta-feira, 11 de setembro de 2020

Antropoceno: desigualdade social em nível planetário

Fome: o retrocesso da humanidade




 Se todos os seres humanos do mundo se unissem no combate a fome e as desigualdades sociais em todo o planeta, de certo estas mazelas estariam em extinção, no entanto, isto atualmente é um pensamento utópico. Diante disso, é importante que a Humanidade compreenda, que a degradação do meio ambiente e a as desigualdades sociais existem porque nós fomos incapazes de solucionar estes problemas coletivamente, além disso, temos instituições como os Estados, que permitem que todos esses problemas coexistam lado a lado com as fortunas de poucos e não garante o bem-estar social.

Pensar a questão do Antropoceno e a questão social, é traçar um pensamento inseparável entre a ecologia e a justiça social, porquanto, sabemos que por mais que os recursos naturais estão passando um processo de degradação por parte do ser humanos, a Terra atualmente tem condições de produzir alimentos em alta escala e alimentar todos os dias os mais de 7 bilhões de seres humanos existentes, mesmo assim, milhares de pessoas no mundo passam fome e morrem devido a desnutrição. Ou seja,  é sabido que precisamos manter o equilíbrio ecológico e aplicar tecnologias sustentáveis para manutenção do Planeta, e também que temos que acabar com a fome no mundo, porém os 1% mais ricos do mundo acumulam mais riquezas que todo mundo e não tem estes compromissos.

Nesta perspectiva, trago o pensamento de Aristóteles segundo o mesmo deveria existir um limite para a acumulação de bens, pois o mesmo compreendia que as pessoas tinham um desejo de se enriquecer e isto é, consequentemente contrário a natureza. Ele achava que seria necessário, colocar freios no enriquecimento, propondo que os comerciantes e os mercadores fossem excluídos dos cidadãos eleitorais e quem tinha interesse em enriquecer também, porque assim, governariam em interesse próprio. Em outras palavras, quem tem poder econômico, também quer decidir politicamente pela maioria que não o detêm. 

Contudo, as pessoas em todo o mundo, devem se organizar e ter resistência a degradação ambiental, aos abusos de poder econômico e político, enquanto sociedade civil. Ter compromisso com as instituições democráticas, promover um desenvolvimento social baseado na sustentabilidade. 

Referências: 



ALTVATER,Elmar. O preço da riqueza: pilhagem ambiental e a nova (des) ordem mundial. São Paulo, Unesp, 1995 (capitulo 1)

ÁVILA, R. I., GIULIAN, A. T. Resenha de "O capital no século XXI". Porto Alegre, FEE, 2014.

CALDEIRA, J. A teoria do valor Tupinambá. in Folha de São Paulo, 31 mai. 2015.

OXFAM. Uma economia para o 1%. Documento Informativo nº210, 18 ja. 2016.


PORTO-GONÇALVES, Carlos Walter. A globalização da natureza e a natureza da globalização. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2006. (p. 11-23).

RATTNER, Henrique. Sustentabilidade: uma visão humanista. Revista Ambiente & Sociedade, Ano II, n° 5, 2° semestre. 1999.

quarta-feira, 9 de setembro de 2020

O Antropoceno: mãos humanas que destroem





Reflexão sobre o  Antropoceno e a Crise Sistêmica



 A nova teoria geológica é centrada no ser humano, o Antropoceno, de fato o ser humano causa várias modificações no planeta e acarreta várias consequências, sem dúvidas, as mais marcantes são as crises sistêmicas. Sabe-se que toda ação, exige uma reação como mesma intensidade, por isso, o ser humano tem que começar a entender, que agredir a natureza em prol do lucro capitalista, não será a melhor ação e o retorno disto, pode ser avassalador.

Sabemos que historicamente o Homo Sapiens foi a espécie que mais alterou o meio ambiente afim de se manter na Terra, todo esse processo, desde a pré-história, se desencadeou de fato na Revolução Industrial, quando o homem realmente acreditou em sua capacidade de transformar a matéria-prima em produtos de consumo e com a utilização da máquina a vapor. A partir daí começa a jornada de exploração agressiva da Terra. Extração excessiva de madeira, emissão de gases poluentes, consumo de água em alta escala, enfim se intensifica o processo destrutivo do planeta.

Na verdade o homem se sente dono do planeta, em detrimento dos outros animais e plantas, domesticam animais, exploram sua prole, poluem os rios, consomem os recursos naturais de forma insustentável, desmatam florestas, para construírem usinas, desertificam ambientes, destroem ecossistemas e biomas, além de tudo isso é responsável pela redução da biodiversidade na biosfera. Atualmente somos 7 bilhões de pessoas, consumindo alimentos, consequentemente produzindo toneladas de lixo, utilizando combustíveis fósseis e emitindo gases, que ocasionam o efeito estufa, Ilha de calor e o feito mais destrutível o aumento do buraco na camada de ozônio. 

Com esta teoria geológica do Antropoceno, podemos refletir sobre nosso papel neste processo, e quem sabe assumir uma atuação positiva de recuperação e manutenção do meio ambiente. Porquanto, cuidar da natureza é cuidar de nós mesmos, pois fazemos parte desse ciclo.  



Referencias :

MARTIN, B.;RIBEIRO,C.G.Antropoceno: a época da humanidade.Revista Ciência Hoje, São Paulo, n. 283, p 38-43,jul.2011


Resenha Crítica

                                                                                      Livro de Loic Wacquant: Punir os pobres: a nova gestão...